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Finanças

‘Vamos começar a expandir para a região europeia’, diz presidente da Credilink

Estadão Blue Studio Express
Conteúdo de responsabilidade do anunciante 4 de dezembro de 2023

Referência no mercado de dados para proteção de crédito, Mauro Melo
apresenta algumas novidades e traz valiosos ensinamentos sobre o setor.

Credilink planeja expandir operação para a região europeiaMauro Melo, presidente da Credilink. Foto: Divulgação Credilink

Detentora do maior banco de dados do Brasil quando o assunto é proteção ao crédito e prevenção de fraudes financeiras, a Credilink traz em sua história fatos que comprovam a importância de um sonho.

São ensinamentos que, até mesmo, se misturam com a própria evolução do setor no país, em um processo que dura mais de 33 anos, partindo do analógico até os dias atuais, com avanços tecnológicos, legislações para proteção das informações e tudo mais.

À frente de tudo isso está Mauro Melo. Desde o início na garagem de casa, anotando informações disponíveis em listas telefônicas em fichas rosas, ele acreditava no potencial dos dados para beneficiar consumidores, mercado e, também, órgãos públicos.

Referência do segmento no país, Mauro recentemente manteve o cargo de presidente, mas transferiu o posto de CEO para o filho, Rafael Melo. Engana-se quem pensa que essa mudança é sinônimo de aposentadoria. Muito pelo contrário! Como parte pensante, ele agora está mais livre para dar sequência a novos projetos, que envolvem soluções para o agronegócio e, também, uma expansão para o mercado europeu.

Em um bate-papo descontraído, Mauro conta um pouco mais da sua história, traz detalhes sobre o setor de dados no país, fala sobre inovação e apresenta uma novidade: a expansão para o mercado europeu. Confira!

O que você fazia antes de criar a Credilink? Como surgiu a empresa?

Eu trabalhava em uma associação de classe como vendedor. Tinha 25 anos. Esse foi o meu primeiro e único emprego com carteira assinada. Em 1983, eu já gostava do mercado financeiro. Mesmo sem a formação específica, eu gostava muito de estudar e ler sobre o assunto.

Foi nessa época que eu me questionava muito sobre o que eu poderia fazer para ajudar o país, para colaborar com a nação. Aliás, tem uma frase do professor Henrique José de Souza que denota muito isso: “só serve a Deus servindo à humanidade”. A partir desse momento eu queria servir à humanidade, gerar empregos.

Logicamente que eu não tinha na época condições financeiras para isso. Então, o que eu fazia? Com meus filhos, eu vendia à noite batata frita na garagem de casa para poder ajudar em todo esse trabalho.

Mas e a ideia que deu início à criação da base de dados? Como você fez para construir esse projeto hoje considerado de extrema importância para o país?

No início, eu pegava a lista telefônica e anotava manualmente o nome e o número de cada pessoa em uma ficha rosa. E, assim, eu comecei a criar o arquivo. O dilema estava em encontrar uma forma de levar isso para o mercado.

Toda ideia avassaladora tem seus contras, que são muitos. Então, muitos me consideravam maluco. Falavam: ele vai vender lista telefônica, que é distribuída gratuitamente. Mas, eu acreditei no meu projeto.

Na época, era comum o carnê e o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), e quem não pagava a dívida ficava com o “nome sujo”. Grandes empresas e bancos trabalhavam dessa forma.

Então, como criar algo diferente, fazendo com que o produto tenha boa aceitação? Ainda morando em Belo Horizonte, eu fui buscar em um grande banco, uma permissão para ter a informação de cheque sem fundo e contas encerradas. Detalhe: não existia nem ao menos as fitas magnéticas. Era tudo registrado em livros.

Comecei a estudar caminhos jurídicos e identifiquei que o cheque não era utilizado como crédito.

Mas, diferentemente do que ocorria com o carnê, era possível fazer queixa-crime de cheque sem fundo, enquadrando-o no artigo 171 do Código Penal (estelionato). Então pensei: vou convencer o varejo de que o cheque é melhor. Afinal, a cobrança no carnê é cível e a do cheque é criminal.

A partir daí, comecei um trabalho no qual eu recebia pela informação. Entretanto, se o cheque voltasse, eu fazia a cobrança de graça, registrando uma queixa-crime na delegacia e colocando a situação em questões criminais. E assim começou, com as empresas também adotando o pré-datado como forma de pagamento.

O cheque pré-datado mudou o sistema de pagamento utilizado no Brasil. Como foi esse período, o que isso representou e quais eram as dificuldades?

A legislação na época veio e disse que não existia cheque pré-datado. Na defesa, muitos alegavam que a pessoa era coagida para dar o cheque, no qual se registrava o termo “bom para dia tal”, acrescentando a data combinada para o pagamento.

No final, transformou-se em mais uma forma de pagamento no Brasil. E aí eu tinha a informação do cheque e o endereço (além do nome e do telefone).

Só um detalhe: eu batia de porta em porta (para vender o serviço de análise de dados de crédito).

Na época, telefone era uma raridade, difícil. As pessoas ligavam, eu tinha que anotar o número do CPF para fazer a análise, desligar o telefone, ia até a ficha rosa e depois eu retornava para informar os dados.

Imagina o tempo que isso levava? Na hora de retornar, tinha também o problema da linha telefônica, muitas vezes não havia uma disponível.

Qual foi o próximo passo?

Fiquei 10 anos atuando dessa forma. Depois, a pedido de uma empresa do ramo financeiro, eu iniciei um projeto para as empresas recuperadoras de crédito, com a ajuda do Marcelo Fernandes, que trabalha comigo há 23 anos.

Existia na época uma grande dificuldade para localizar o devedor. Com isso, nós criamos a ideia de vincular o CPF ao telefone da pessoa. Eu aproveitei toda essa base construída até o momento, interligando as informações.

Quando isso aconteceu, também surgiu o computador. Com a ajuda de programadores, comecei a cadastrar toda essa informação em um 386 (computador pessoal da Intel considerado um marco na história, pois permitiu a criação e utilização de sistemas mais robustos). E, foi assim que se criou toda essa base de dados que temos atualmente.

A Credilink foi pioneira na questão de informações de dados de confirmação de endereço e validação. Nós fomos os primeiros a fazer isso. Em uma época em que todos me achavam doido.

Mas como você expandiu o sistema para o restante do país?

Eu tinha a informação de Belo Horizonte e, nessa época, eu mudei para o Rio de Janeiro. Com isso continuei a pegar as informações das listas telefônicas. O problema é que precisava expandir o trabalho para todo o Brasil.

A informação cheque-restritivo eu tinha em âmbito nacional, aquela do grande banco. Curiosidade: eles mandavam com uma defasagem de uma semana. Então, a pessoa emitia um cheque hoje e eu tinha as informações sete dias após, pois era tudo manual.

Mas, como conseguir os outros dados? Parece até piada, mas não é (risos). Eu e o Marcelo pegávamos o carro e viajávamos pelo interior. No início em Minas e no Rio, depois expandindo para São Paulo e assim fomos seguindo.

Nós nos hospedávamos no hotel mais barato que existia, pegávamos a lista telefônica e guardávamos. Aí depois entregávamos para a equipe anotar e fazer o cadastro a partir daí. Isso começou a ter uma demanda muito grande.

Quando íamos visitar clientes, costumávamos pegar ônibus. Chegávamos cedo na rodoviária e ficávamos esperando até as 8h. Depois, batíamos de porta em porta.

E o que isso significa? Eu paro para pensar nisso hoje e parece muita loucura. Basicamente, nós íamos para a porta de um prédio comercial e olhávamos quais as empresas de cobrança que existiam por lá. O Marcelo anotava, nós íamos até um orelhão (telefone público) e começávamos a ligar. Era algo muito ousado, até complexo, mas eu acreditava.

Detalhe: muitas vezes, saíamos do Rio até São Paulo apenas com o dinheiro das passagens de ida. Para voltarmos, tínhamos que fechar negócio. Acreditávamos muito nisso e sempre deu certo.

Chegando lá, vendíamos a base de dados, que se transformava em um benefício, mas também em um problema para o cliente, já que normalmente o computador dele não suportava o volume de dados.

O cliente me pagava na hora em cheque. Depois, corríamos no banco para descontar o valor e, com isso, poder almoçar e voltar para casa. E assim fomos trabalhando a expansão.

E como foi pagar o preço do pioneirismo?

Não foi fácil, mas também não foi difícil. Afinal, tudo na vida é aceitação. Eu não vejo toda essa história como um sacrifício. Cada vez que eu viajava, cada vez que eu tinha um sonho, foi isso. Lembro de uma vez que nos acidentamos vindo de carro de Belo Horizonte para o Rio. Eu fiquei seis meses sem andar. Tudo isso serviu de aprendizado. As partes de maior sacrifício da minha vida serviram exatamente para o meu amadurecimento. Então, eu vejo tudo isso com louvor. Certamente, gosto da minha história e tenho a minha empresa como um filho. Eu adoro fazer o que eu faço.

É possível afirmar que a Credilink surgiu de uma necessidade do mercado, mas antes mesmo do mercado saber que possuía essa necessidade?

Eu costumo dizer que não somos maiores ou melhores, mas diferentes. Primeiro, o criador da empresa sempre trabalhou no segmento de crédito e informação.

O diferencial é que a criação da empresa não ocorreu à medida que o mercado pedia algo. Eu fiz o mercado acontecer. E digo isso com muita honradez.

As informações de antes de 1983 só a Credilink tem. É por isso que nós prestamos serviços para todos os órgãos públicos, Ministério Público, Tribunal de Justiça, Polícia Federal. O que eu queria que acontecesse realmente aconteceu, com um trabalho justo e perfeito, não somente na questão de crédito, mas para a segurança nacional.

Na questão de informações de mercado, eu tenho todo o progresso das pessoas antes mesmo de 1983. Com isso, conseguimos ajudar tanto as instituições, que fornecem crédito com mais segurança, quanto os consumidores, para que não tenham seus dados expostos dentro do mercado.

Tanto é que nós fomos na época apoiadores de GPDR (General Data Protection Regulation, criada pela União Europeia) e nós fomos os primeiros a falarmos de LGPD (Lei Geral de Proteção dos Dados) em nossos eventos.

Hoje muito se fala sobre GPDR e LGPD. Mas como esse tema se relaciona com a história da Credilink? Desde o início já existia a preocupação com relação à segurança dos dados?

Isso está relacionado com a escala de mercado. Antigamente existia a lista telefônica, na qual qualquer um tinha acesso às informações disponíveis, como o nome completo da pessoa, o endereço e o telefone.

Os conceitos no passado eram diferentes; pois na época existia o devedor, mas não existia a quantidade de fraudadores que encontramos hoje. E tudo isso passou a fazer grande diferença. Afinal, o dado é uma pessoa.

Então, criamos um documento jurídico que todo funcionário que trabalha na empresa assina, podendo ser responsabilizado criminalmente caso aquela informação vaze. E isso antes mesmo da legislação.

Aliás, a LGPD é um grande orgulho para a gente. Pois, em termos de legislação, a lei brasileira é considerada vanguarda.

Como a evolução tecnológica contribuiu para transformar o mercado de dados de crédito, facilitando e garantindo mais segurança até mesmo para o consumidor?

Essa pergunta me fez lembrar de um fato curioso. O primeiro computador grande que eu comprei era da Cisco. Ele era enorme. Precisava de quatro pessoas para carregar o HD (hard disk) e só cabia 4 gigas. Eu sou da época da série “Perdidos no Espaço”.

Para atrair a atenção dos clientes quando visitavam a empresa, eu fiz o seguinte: peguei o computador e enchi de pisca-pisca (iluminação) de Natal. Eles ficavam impressionados com a tecnologia. Tudo era uma novidade.

Nessa época, o mesmo grande banco começou a liberar fitas magnéticas duas vezes por semana. Nós tínhamos que ir lá para pegá-las e baixar as informações no nosso sistema. Cada uma levava aproximadamente 24 horas para fazer a transferência dos dados.

Com a evolução, nós temos hoje uma informação muito bem desenhada e isso ajuda muito o consumidor, porque o estelionatário utiliza os dados principais e atuais. O histórico, por sua vez, facilita validar o crédito, pois o fraudador não tem isso à disposição.

Hoje, por exemplo, trabalhamos com vários sites de e-commerce que usam toda essa tecnologia e informação para melhorar a qualidade do crédito.

E conseguimos, também, ajudar no combate à lavagem de dinheiro e a evitar situações que fogem às boas regras do mercado.

O trabalho sempre foi esse? Como se desenvolveu tudo isso com o passar do tempo?

No início, eu ia de porta em porta, mas só no comércio varejista. Depois foram as empresas de cobrança, as instituições financeiras e os órgãos públicos. Essa sequência se fez conforme a necessidade do mercado.

Quais são os próximos passos?

Agora eu já estou pensando em como a Credilink pode ser útil para o agronegócio, que também precisa de apoio. Vamos estudar e ver o que o setor realmente necessita. Quando falamos de agro, falamos em um todo, até mesmo os pequenos produtores.

Com o Rafael Melo assumindo como CEO da Credilink, como fica o dia a dia do Mauro na empresa? O que muda?

Embora alguns pensem que essa decisão foi para eu parar, afirmo que foi mesmo para eu continuar. Quando eu coloquei o Rafael como CEO, as minhas preocupações do dia a dia, olhar o todo da empresa, cliente, faturamento, caixa, passaram para ele. Eu vou ser a parte pensante.

Tanto que nós estamos com um projeto, já iniciando a atividade em Portugal, pois nós vamos começar a expandir para a região europeia. Para isso, eu preciso estar solto. Então, por isso deixei o Rafael como CEO. Assim, eu consigo seguir como a parte pensante.

Essa questão de colocar a Credilink em Portugal não é pensando em uma expansão financeira, mas de ideias, do Brasil para o mundo.

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