
Os investimentos sustentáveis conquistam cada dia mais espaço na pauta dos empresários. Ao menos daqueles que desejam prosperar em um mundo onde diversos países estão fechando o cerco e exigindo uma postura mais ativa e responsável. Por isso a importância de tirar as ações do papel e colocá-las em prática, transparecendo assim nas demonstrações das companhias.
Na busca de ampliar o debate sobre o assunto e, com isso, transformar o desafio em oportunidade, o tema foi amplamente discutido durante o Fórum de Investimentos Sustentável, realizado em junho, em São Paulo.
Na ocasião, especialistas apresentaram informações atualizadas e promoveram reflexões relevantes durante sete sessões. Nos debates, foram abordados temas como: a necessidade do Brasil assumir um protagonismo na agenda climática, construção e os impactos de um portifólio de investimentos sustentáveis; regulamentação brasileira e aprendizados com a Europa e os Estados Unidos; acesso aos recursos para fundos sustentáveis especializados, entre outros.
Conselheira da MCM Corporate Diligências, Tatiana Assali participou do painel \” O papel do Brasil na liderança da agenda climática e seus impactos regionais e sociais”. Na ocasião, ela destacou o arcabouço fiscal, abordou as oportunidades e a relevância do tema para as companhias e chamou a atenção do público para a necessidade de construir um mundo melhor para as próximas gerações.
Com isso, destacou a importância de colocar ações climáticas efetivas em prática, para não desperdiçar oportunidades de negócios. “Perder dinheiro eu acho que é a coisa que faz as pessoas mudarem o rumo”.
Investimentos sustentáveis em pauta
Os investimentos sustentáveis e a necessidade do Brasil adotar uma postura mais ativa com relação à agenda climática são temas cada vez mais pertinentes para os empresários brasileiros. Afinal, o mundo está exigindo uma postura firme com relação a práticas mais sustentáveis. Dessa forma, quem não se adequar, sentirá os efeitos no bolso.
Recentemente, o Parlamento Europeu aprovou uma legislação mais rigorosa, proibindo a comercialização nos 27 países do grupo de produtos oriundos de áreas florestais que foram desmatadas. Nesse contexto, será necessária a realização de due diligence nas cadeias de suplementos de diversas commodities.
Esse foi o primeiro, mas não será o único caso. Isso porque outros países, como os Estados Unidos, já estudam a adoção de medidas semelhantes. Por isso, a necessidade de mudanças por aqui também.
“O evento trouxe agentes atuantes na agenda de sustentabilidade no Brasil. Eles traçaram um paralelo com o que está acontecendo no mundo e o quanto temos saído do discurso para a prática, apesar da dificuldade de ainda demonstrar essas métricas”, destacou Marcela Huertas especialista em diligências para economia digital e fundadora da MCM Corporate Diligências.
Especializada no assunto, Marcela entende a importância das empresas conseguirem colocar em prática ações mais sustentáveis, trazendo essas informações de forma consistente e integrada para seus demonstrativos financeiro e contábi.
“A sustentabilidade está na pauta, mas principalmente deve estar na prática e nas demonstrações das empresas. Temos assistido escândalos onde o tema é abordado de uma forma superficial, apenas como marketing”, destaca.
Com o avanço das tecnologias e a velocidade das informações, porém, torna-se difícil para as empresas manterem uma atuação tão superficial. “Os limited partners e as gestoras de fundos estão cobrando cada vez mais governança e demonstrações de operações mais sustentáveis”, alerta.
Due diligence e os investimentos sustentáveis

Essa evolução necessária das empresas na busca por investimentos sustentáveis trouxe para o centro das atenções a necessidade da due diligence, até mesmo, como garantia da eficiência das ações adotadas sobre o tema.
“Os limited partners presentes no fórum esperam que gestores de fundos cumpram o dever de diligência e conheçam a operação da investida prezando pela governança e direcionamento do quanto necessário pela transparência do investimento”, explicou a fundadora da MCM Corporate Diligências.
Marcela destacou ainda outo ponto interessante apresentado pelos participantes do painel que abordou os recursos para fundos sustentáveis e a dificuldade para acessá-los.
“Na ocasião, os investidores se dedicaram a explicar sobre a dificuldade de recrutar gestores mais seniores e que tenham histórico de governança e rentabilidade. Afinal, a responsabilidade de gerir recursos de terceiros, seja nacional ou internacional, pesa quando estamos falando de alto risco como os investimentos em venture capital”.
O que esperar para os investimentos sustentáveis?
Com a relevância dos investimentos sustentáveis para o mundo dos negócios, é importante, portanto, planejar de forma estratégica e, principalmente, colocar em prática ações consistentes e permanentes.
Com essa postura, o País conseguirá reunir os elementos certos conquistar um lugar de destaque. “Se o governo colaborar e as empresas se conscientizarem, acredito que o Brasil tem um enorme potencial de assumir seu lugar de protagonista na agenda climática”.
Nesse caminho, o capital de risco e os empreendedores conscientes têm um lugar de destaque na agenda de sustentabilidade. Por isso, governança e transparência precisam fazer cada vez mais parte da rotina das empresas companhias.
“Gestoras que buscam diligência de uma empresa totalmente independente como a MCM já sinalizam a sua preocupação com transparência e a relação dos stakeholders. Mas ainda vemos muitas gestoras de fundos inconscientes, em especial no estágio early”, finaliza Marcela.