
Caracterizada pela compulsão por jogos de azar, a ludopatia é uma doença classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e que reflete diretamente em toda a sociedade. Com a regulamentação no Brasil das casas de apostas online conhecidas como bets, o assunto tem conquistado cada vez mais a atenção da população e, claro, das autoridades.
Isso porque, além do prejuízo financeiro, o transtorno apresenta graves consequências para a saúde de parte dos apostadores, assim como das famílias e das comunidades.
Deixando um pouco de lado as opiniões sobre “aprovar ou não” os jogos online, é importante lembrar que as bets são uma realidade no país e no mundo. Portanto, o debate sobre os cuidados com a saúde mental é indispensável. Por isso, faz-se necessário promover uma análise detalhada sobre a compulsão por apostas e os problemas interligados com este transtorno.
Ludopatia e os problemas para a saúde
Estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgada no Estadão demonstra que até 5,8% da população pode preencher os critérios para o diagnóstico de ludopatia, com a porcentagem de pessoas impactadas sendo pelo menos três vezes maior.
Isso demonstra que a compulsão por jogos de azar é responsável por afetar significativamente tanto o jogador quanto seus familiares e amigos.
Um dos problemas diretos causados pela compulsão por jogos de azar é o impacto causado às finanças do apostador, refletindo em toda a família. Pesquisa da fintech Onze apurou que 14% dos apostadores pretendem utilizar o 13º para apostar e 2% já usaram o vale-refeição para esta prática. Já levantamento da Serasa com o Instituto Opinion Box constatou que 46% dos inadimplentes já apostaram nas bets, sendo que 57% não estavam endividados antes de começar a jogar.
Sem conseguir se controlar, o jogador acaba amargando prejuízos financeiros, até mesmo, significativos, o que causa sensações como: desespero, medo, vergonha, tristeza, entre outras.
Muito mais do que as perdas monetárias, a ludopatia traz impactos significativos para a saúde mental, refletindo em diferentes esferas. A começar pelo stress, ansiedade e depressão.
O vício em jogos de azar também pode causar o isolamento social, assim como o aumento significativo de pensamentos negativos, o que pode levar o jogador a adotar atitudes mais extremas.
O isolamento social é uma das características de quem enfrentam este problema. No trabalho, é comum a ausência de foco para a realização das atividades, com elevada perda de concentração.
A constante alteração de humor também se faz presente, podendo ocorrer o desenvolvimento de comportamentos agressivos. Aliás, esta situação se conectar com o consumo excessivo de bebidas alcoólicas registrado em alguns casos.
Combate à ludopatia
É importante destacar que o objetivo aqui não é condenar ou promover a existência das bets. Claro que nem todos os jogadores desenvolvem a ludopatia, assim como nem todos que consomem bebida alcóolica se tornam alcoólatras. Entretanto, para combater o problema, o princípio é o mesmo: não dê o primeiro gole ou, neste caso, não aposte.
Reconhecer a existência do vício em jogos de azar é o ponto de partida para tratar este transtorno. Entretanto, muitas vezes apenas a força de vontade não é suficiente. Por isso, é fundamental contar com o apoio de comunidades de ajuda, em formato similar aos alcoólicos e narcóticos anônimos.
O processo também exige uma atuação multidisciplinar, com o auxílio de profissionais de diferentes áreas, como a assistência social e a saúde.
Neste contexto, é preciso destacar a importância da democratização do tratamento psicológico para quem sofre de ludopatia. Afial, o vício atinge dos ricos aos pobres. Dessa forma, é indispensável que todos tenham acesso a um atendimento de qualidade, independentemente da condição financeira.
Por fim, políticas públicas apropriadas se fazem necessárias tanto para a prevenção quanto para a garantia do suporte necessário para quem sofre com a ludopatia. Ao dedicar atenção tema, fica mais fácil evitar que as graves consequências do vício em jogo de azar se reflitam em toda a sociedade.
Quem conhecer mais sobre a importância da democratização do apoio psicológico? Então acesse o site do movimento Psicólogos Sem Fronteiras.