Desastres ambientais como o que aconteceu recentemente no Rio Grande do Sul demonstram a importância da promoção de ações estruturadas para socorrer e auxiliar os desabrigados.
Um ponto ainda mais preocupante, porém, é a situação das pessoas com deficiência, por conta da vulnerabilidade desta população em momentos de crise.
Só para ter ideia, Levantamento de Informações sobre os Abrigos Provisórios no Estado do Rio Grande do Sulregistrou 2.035 pessoas com deficiência entre os 69.251 acolhidos nos 974 abrigos no estado. Os números correspondem ao período de 10 de maio até 10 de junho.
Por conta dessa magnitude, torna-se indispensável debater o assunto e, principalmente, desenvolver protocolos para o socorro dessas pessoas em situações de emergência.
Desastres ambientais e a situação das pessoas com deficiência
Desastres ambientais costumam mobilizar o empenho da população e, claro, das autoridades e entidades, viabilizando tanto o resgate quanto o suporte apropriado para aqueles que ficaram desabrigados.
Água, mantimentos, roupas, cobertores, abrigo. Enfim, existem diversas ações necessárias para promover o acolhimento ideal para todos.
No caso das pessoas com deficiência, porém, o auxílio exige ainda outros cuidados e preocupações. Até mesmo nos abrigos, é importante entender a importância de pensar na acessibilidade, assim como no atendimento para determinadas particularidades.
Doutora especializada no tratamento de doenças raras e atuante na ACNUR BRASIL, a fonoaudióloga Vanessa Medina explica que a falta de infraestrutura acessível e, também, de protocolos de emergência específicos para atender às necessidades dessas pessoas agravam ainda mais a situação.
Dificuldades para deixar áreas de risco
De acordo com a especialista, muitas pessoas com deficiência enfrentam dificuldades adicionais para deixar áreas de risco e acessar abrigos ou serviços de emergência. Além disso, os serviços de emergência frequentemente carecem de conhecimentos específicos de salvamento e de atendimento apropriado para esta população, o que pode comprometer ainda mais a segurança e o bem-estar dessas pessoas em situações de crise.
Por sua vez, os abrigos escolhidos nem sempre são adaptados para garantir a acessibilidade, o que dificulta ainda mais o atendimento de pessoas com deficiência.
Outro ponto importante destacado pela especialista é a falha na comunicação, o que traz mais um desafio em situações como os desastres ambientais.
“A comunicação sobre os riscos e as orientações de segurança frequentemente não consideram as diferentes deficiências, dificultando a compreensão e a resposta adequada por parte dessa população”.
Segundo Vanessa, organizações e autoridades locais têm buscado estratégias para melhorar a resposta a esses desafios que surgem em situações como a que ocorreu no Rio Grande do Sul.
Entretanto, ainda há muito a ser feito para assegurar uma resposta inclusiva e eficaz em desastres ambientais.
Por isso, torna-se indispensável o desenvolvimento de protocolos apropriados para garantir o suporte correto para as pessoas com deficiência em casos assim.
Isso envolve tanto a definição de locais apropriados para abrigar as pessoas, assim como os cuidados no resgate e, claro, a correta comunicação para garantir o atendimento correto e eficaz durante desastres ambientais.
Com grande experiência profissional e acadêmica, a Dra. Vanessa Medina atualmente é coordenadora do Grupo de Doenças Neurogenéticas e Raras do Departamento de Saúde Coletiva – Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia – SBFa; Universidade Agostinho Neto – Angola África e UNICEF Brasil.
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